Carta
para o Céu
Machado,17 de Abril
de 2012
Caro
Amigo,
Esta
semana, dia 16 de Abril de 2012, houve uma festa no céu e Deus convidou um
amigo nosso para ela. E ele, mesmo contrariando os desejos de sua família, de
seus amigos, resolveu ir.
Penso
que ele nem pestanejou quando se imaginou diante da possibilidade de ver de
perto o nosso Criador. E foi para ficar.Disse que partiu feliz e a cada um de
nós que ficou por aqui deixou somente boas lembranças
Antes
de sua total partida do nosso meio houve uma despedida muito bonita, muita gente se reuniu na paróquia São José
para deixar sua mensagem de boa viagem.
Todos
choraram muito. Também, ninguém tem idéia do que é ir para o céu. Nós
imaginamos que lá é um paraíso, mas temos um pouco de medo do nosso momento.
As
pessoas de sua família ficaram inconsoláveis, pois, quem é que gosta de se
separar das pessoas que ama? Ninguém gosta e nem quer.
O José
Vítor e os padres, amigos dele, disseram-lhe belas palavras, mostrando a todos
como toda uma comunidade sofre com a perda de pessoas boas que fazem o bem e
distribuem concórdia por onde passam. E ele era assim, sempre atencioso,
carinhoso no tratamento com os amigos, solícito em tudo e, mais que isso,
mostrou-se sempre um cristão com grande fé.
Então,
amigo! Cada um que ficou aqui tem algo a lhe dizer. São tantas vozes
emaranhadas em soluços que estou a pedir que façam fila. Não dá para dizer tudo
de uma só vez. Você acabou de chegar aí e deve estar cansado. Ainda bem que não
há malas para desfazer.
Ontem mesmo,
depois que você se foi, fui aplicar prova na faculdade, onde você foi meu
professor, lugar em que você sempre brilhou e onde fomos colegas de trabalho
por muito tempo . Você ensinou-me Linguística, mas, muito mais do que
Lingüística, você ensinou-me a ensinar
alegria, razão de ser do educador.
Pois é,
os professores da sua época que ainda estão lá, ficamos conversando e falando
de você. Pensamos então, que devíamos, juntos, escrever algo para você, que
falasse de você em nome de todos. Eu me comprometi de fazê-lo. Estou escrevendo
uma carta, pois me sinto à vontade em trabalhar as palavras, uma vez que estou
falando com um amigo, e, entre amigos, não é necessária tanta preocupação com elas.
Sabe o
que todos disseram para eu dizer?
Que
você foi um grande homem, um grande amigo, um grande profissional e, mais que
tudo, muito humano.
Que
bobagem! Qualquer pessoa que o conheceu aqui já lhe deve ter dito isso. Ah!,
mas é sempre bom saber que somos queridos, né?
O
Guimarães Rosa tem razão; as pessoas não morrem, ficam encantadas. Você
transformou-se nesse encantamento cuja lembrança nunca trará tristeza.
Nós
falamos e falamos de você e tudo que resultou do que falamos foi o encanto de
uma vida que veio para demorar um pouco mais de meio século, mas que deixou u´a
marca tão profunda, tão significativa que bastou para Deus.
E Deus
o convidou, então, para cuidar, em outro plano, das flores do caminho, das
sementes lançadas, das palavras que ainda estavam por dizer.Você respondeu tão
depressa ao chamado para a festa no céu que nem pensou em quantas pessoas
ficariam aqui lamentando sua ausência. Mas você está certo: quem pode recusar a
um chamado de Deus?
Você
viu, Clêuton, que estou falando com você numa forma bem coloquial? É assim que
fazem os amigos: abrem seu coração e deixam a luz do céu entrar. Não vá mostrar
esta carta pra ninguém. Sei lá como vão reagir
aí os clássicos da palavra.
Antes
que eu me esqueça deixo alguns nomes de colegas da faculdade que mandam um
abraço apertado. Eles estão do meu lado: a Rita, a Norma, a Elissa, a Sônia, a
Elza... olha, não vou escrever o nome de todos, senão a lista não acaba. A
turma toda, que você conhece, deixa-lhe abraços saudosos.
Só mais
algumas palavras: o José Vítor, o Vilela, o José Agenor estavam confabulando
sobre o grupo do qual ainda faziam parte
você e o seu Maurílio. Lembra? Penso que é o grupo que fundou o jornal.
Foram tantas conversas de uma só vez que não dá pra dizer.
Você
viu quanta gente esteve na sua despedida? Encheu a Igreja.
Você
ouviu as músicas cantadas pelo coral?
Pois é,
Clêuton, só mesmo um grande homem como você receberia tantas pessoas, tantas
flores e tantos soluços.
Espero
que você leia esta carta debaixo de uma grande árvore com todas as vozes dos
anjos entoando em coro: Chega de saudade!
Você é
um grande amigo para ser guardado do lado esquerdo do peito, dentro do coração.
Olhe
daí pelos seus irmãos e irmãs de sangue que não suportaram ver você partir e vão demorar um pouco para
aceitarem sua ausência. Não se esqueça de nós outros que somos irmãos de
coração.
Chega,
né, Clêuton, você deve estar cansado já. Fico no atalho porque a estrada é longa. Descanse em paz.
Vislumbro
em você o que li em Robert Frost : “ Ele
teve um caso de amor com a vida”
Um
grande abraço e saudade , em nome de todos.
Olga
Caixeta
Mestre
em Língua Portuguesa e membro da Academia Machadense de Letras
3 comentários:
Olá, fanzine!
Adoro poesias e seu trabalho é muito bonito. Parabéns! Vim agradecer também pelas suas visitas ao meu blog.
Um abraço
Dani
www.telaprateada.blogspot.com.br
Ola! Tudo Bem! Me nome é Ulisses Sebrian.E visitei o seu blog e gostei. Entrei como seguidor se não se importa.
E gostaria de sua amizade. Afinal gostamos de literatura
Sou autor de 9 romances disponíveis em meus blogs.
Estão na barra lateral direita com suas capas. Se desejar
Ler basta clicar nas imagens.
Ah!Também tenho 4 blogs e gostaria que e o visitasse.
E se posible entrar como seguidor. Obrigado
Os meus blogs são:
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Olá vim agradecer,a sua visita beijos.
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